Enquanto milhares de pessoas se entregam à folia todos os anos em nosso país, um número ainda maior de brasileiros aproveita o feriado para viajar ou simplesmente descansar. Mas há pessoas que optam por algo diferente e mais saudável e edificante: vão para retiros espirituais. Neste ano, fui com minha família para um retiro em Tanguá, no Rio de Janeiro. Tive o privilégio de apresentar palestras para um grupo de 200 pessoas, num local muito bonito em meio à natureza. Como chegamos ao Rio na sexta-feira à tarde, pudemos (infelizmente) ver um pouco da agitação que estava tomando conta da cidade, com pessoas vestidas em fantasias (e outras quase não vestidas) e engarrafamentos em várias ruas. Os bares estavam apinhados de gente “esquentando os motores” para a “celebração da carne” e os desfiles que teriam início dali poucas horas. Conforme me disseram os novos amigos que fiz no retiro, a cidade fica insuportável para quem gosta de sossego e abomina os excessos a que as pessoas se entregam nessa época do ano. O jeito, então, para quem pode, é literalmente fugir das cidades.
Foi o que fizemos. Depois de viajar cerca de 70 km de ônibus a partir da capital, com os irmãos da Igreja Adventista de Guadalupe, chegamos ao sítio Juvak, no pequeno município de Tanguá (tem uns 30 mil habitantes). O local é realmente muito bonito, como você pode ver nas fotos. Há muitas árvores, sombra e um lindo cenário circundante. Ótimo lugar para a realização das atividades típicas de um retiro adventista: cultos, palestras, jantares especiais temáticos, gincanas, recreação e muita interação para cultivar amizades. A gente quase se esquece de que lá fora, no mundão, o “clima” é outro.
Entre as várias pessoas que pude conhecer, duas me chamaram a atenção pela história de vida. O Thales Celebrini de Moura tem 19 anos e mora na Comunidade Criança Esperança, no Rio. Quando pequeno, ele chegou a ir algumas vezes à igreja adventista com sua mãe, mas com o tempo acabou se aproximando de traficantes e se envolveu numa vida de crimes, consumo e tráfico de drogas. Certo dia, ele viu uma moça morrer perto dele e a cena fez com ele pensasse em sua vida e concluísse que precisava buscar a Deus. Procurou os adventistas, recebeu estudos bíblicos e apoio, foi batizado, abandonou a vida de crimes e hoje ajuda a encaminhar crianças da comunidade para o clube de desbravadores. Aliás, ele havia levado algumas delas ao retiro. Thales me disse que hoje a vida dele é totalmente diferente e que quer muito ajudar pessoas que, como ele antes, estão escravizadas numa vida sem sentido e sem perspectivas. Ele me disse que só Jesus pode libertar das correntes do pecado e do vício. Na igreja, Thales encontrou Jesus, amigos de verdade e um novo rumo para sua vida.
A outra história é da jovem Raquel Soares da Rocha Chaves, de 23 anos, também do Rio de Janeiro. Raquel é oficial da Marinha Mercante e estudou para ser capitã de navio. De família batista, ela frequentava um grêmio de estudantes evangélicos da Escola de Formação de Oficiais, e foi num encontro de grêmios desse tipo que ela conheceu Kemuel, um jovem adventista oficial da Marinha. Eles se tornaram amigos e foi por meio dele que ela conheceu as doutrinas bíblicas adventistas. Como parte de seu treinamento, Raquel passou um ano embarcada e aproveitou o pouco tempo livre que tinha para estudar a Bíblia por si mesma, sistematicamente.
Em dúvida se devia ou não guardar o sábado, que ela aprendeu na Bíblia ser o dia do Senhor, Raquel pediu a Deus um sinal e manteve isso em segredo, pois não queria ser influenciada por ninguém. Naquela semana, o imediato do navio foi substituído por outro, que convocou os tripulantes e os estudantes para uma reunião, e disse: “O dia de folga de vocês é o domingo, mas quero deixá-los à vontade, caso queiram descansar no sábado, por exemplo.” Ela entendeu ser o sinal que havia pedido a Deus.
Hoje batizada e namorando o Kemuel, Raquel está disposta até mesmo a abandonar a carreira, caso seja impedida de ser fiel a Deus e a Seus mandamentos.
Essas e outras histórias nos encheram de alegria e de gratidão a Deus. Todos os anos temos fugido da bagunça do mundo para buscar Deus e fazer amizades que valem a pena. Experimente você também participar de um retiro como esse. Tenho certeza de que será uma experiência inesquecível!
Michelson Borges